
Nenhum pai ou mãe está preparado para como lidar com o uso de drogas dos filhos. É uma situação que ninguém espera passar e que leva tempo para acreditar que realmente está acontecendo. As reações mais intuitivas e comuns dos pais normalmente não ajudam a resolver a questão. Tenho observado na prática 3 principais erros que os pais cometem frente a essa indesejável situação.
1) BUSCAR CULPADOS
“Você não deu os limites que deveria ter dado”, “você o superprotegeu demais”, “se tivéssemos dado mais atenção para ele…”, “aqueles amigos da escola…”. Mesmo que os pais se esforcem, é impossível confirmar um culpado para o uso de drogas do filho. São tantas possibilidades, tantos fatores envolvidos, uma cultura que cada vez mais estimula o consumo de drogas. E se encontrássemos um culpado, o que fazer? Puni-lo? Mesmo assim não ajudaria a resolver a situação.
A busca por culpados pode afastar ainda mais os pais e impedi-los de fazer o que mais precisam nesse momento: se unir para tomar uma atitude. E mesmo que os pais não sejam casados, ainda assim são pais e precisam funcionar como uma unidade parental para lidar com esse tema. Buscar culpados apenas adia esse movimento e tira a atenção de possíveis soluções para a situação.
2) ACHAR QUE É UMA FASE QUE PASSA
Este pensamento, bastante comum entre pais que já tiveram alguma experiência com drogas na juventude, é perigoso, pois leva diretamente à conclusão de que não é preciso fazer nada a respeito e dá para fingir que não está acontecendo nada, afinal, “é só uma fase… vai passar”. Isso é negligência, omissão. Se os pais não concordam com o uso de drogas do filho, eles devem fazer algo a respeito, exercer o papel de pais.
Quando os pais se posicionam, colocam os limites necessários e demonstram com ações que não aceitam o comportamento do filho, apesar de amá-lo, é mais provável que essa fase passe. Do contrário, os pais dão o alvará necessário para que essa fase se instale e se transforme em algo mais grave e duradouro. Depois vem o arrependimento e a culpa. “Achei que ia passar e não fiz nada a respeito”.
3) DAR ATENÇÃO A PROBLEMAS PERIFÉRICOS AO USO DE DROGAS
Ele usa drogas porque tem problemas ou tem problemas porque usa drogas? Se os pais partem da primeira hipótese, é natural tentarem resolver os problemas do filho na esperança de que ele pare de usar. “Vamos colocá-lo em aulas particulares para que melhore suas notas”, “vamos buscar um esporte para que ele se motive”, “quem sabe se o mudarmos de escola ele não faz novos amigos”, “um trabalho vai fazer com que se sinta mais útil”.
Infelizmente, o filho não para de usar drogas porque os pais estão facilitando a vida dele e “incentivando” seu desenvolvimento. É frustrante para os pais verem o tanto de esforço que estão fazendo pelo filho e o nada de reconhecimento que recebem por isso. Acontece que se o problema é o uso de drogas, é preciso lidar diretamente com o uso de drogas.
É muito mais provável que resolvendo a questão das drogas outros problemas se resolvam automaticamente. Afinal, o consumo de drogas alimenta o desinteresse escolar, a desmotivação, as amizades que reforçam esse comportamento e o sentimento de inutilidade. Não adianta querer apagar o fogo enquanto tem alguém colocando lenha na fogueira.
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