Como falar com os jovens sobre drogas

“Não adianta falar com os jovens sobre drogas, porque eles não ouvem”

“Os jovens não se interessam por esses sermões”

Esses argumentos são recorrentes para descartar eventuais palestras e aulas como recursos de prevenção ao uso de drogas. Isso por parte das escolas. Para os pais que porventura pensam assim, por favor, leiam agora sobre como falar com seu filho sobre drogas, pois já está para lá de comprovado que a conversa entre pais e filhos sobre o assunto é um excelente fator de prevenção.

Quanto às escolas, dá para entender por que podem pensar assim. Vejamos:

Nossa mentalidade com relação às drogas foi tão contaminada pelos modelos do amedrontamento e da informação científica que passamos a acreditar que falar com os jovens sobre drogas é tentar convencê-los a dizer não, usando para isso exemplos chocantes de dependentes químicos e provando por a + b as nefastas consequências do consumo excessivo de drogas.

Fumando

Sinceramente, o que não falta para os jovens hoje em dia é informação. E, por incrível que pareça, os jovens usuários têm ainda mais informação sobre drogas do que os não usuários. Portanto, dar uma palestra sobre as consequências das drogas é uma briga injusta contra o celular esperando no bolso ou contra a conversa com o colega ao lado. Sem falar que ainda é possível que algum aluno levante para apresentar argumentos favoráveis à maconha, que é o que está em alta hoje em dia, e acabe desacreditando as informações da palestra na mente dos colegas.

Quanto às histórias chocantes de dependentes químicos, elas pelo menos conseguem atrair a atenção dos jovens e até emocioná-los. Mas, infelizmente, essas histórias não se conectam com a realidade deles e não são capazes de se contrapor ao colega popular que fuma maconha ou que enche a cara nas festas. Esses depoimentos tendem a cair no modelo de amedrontamento, que tem sua eficácia questionada desde os anos 70.

Com essas propostas em mente, realmente podemos dizer que os jovens não ouvem ou não se interessam por ‘sermões’ sobre drogas, e que não adianta mesmo falar com eles sobre o tema.

Precisamos considerar as características da idade e seus anseios. O jovem não quer alguém lhe dizendo o que fazer ou não. Isso tanto para os pais quanto para os educadores. Quanto aos pais, eles querem que os deixem livres, mas transmitindo a segurança de que estão de olho. Com relação aos educadores, eles querem ser tratados como adultos, capazes de pensar por conta própria e tomar suas próprias decisões.

Quando falarmos sobre drogas com os jovens, temos que ter isso em mente. Não dá para subestimá-los. A imagem que é vendida para eles pela narcopublicidade é a de que beber aumenta a diversão, de que fumar maconha relaxa e não faz mal, de que as drogas estão associadas a ser popular.

Simplesmente mostrar os prejuízos das drogas e dizer que eles não devem usar é muito pouco. Tem que aprofundar, mostrar os porquês. É preciso desconstruir essas imagens que os aproximam do consumo. É fazer contrapropaganda, de uma forma inteligente e adulta, sem subestimar a capacidade de julgamento do jovem. É colocar conflito nessas imagens vendidas a eles e deixar uma mensagem que ele lembrará quando vir alguém fumando maconha ou quando lhe oferecerem bebida numa festa.

Portanto, falar com os jovens sobre o tema adianta sim e é, inclusive, necessário, seja através de palestras sobre drogas, de aulas ou de conversas particulares. Só depende da forma como isso é feito. Devemos buscar contrabalançar as inúmeras mensagens a favor das drogas que chegam até eles. É importante se capacitar para isso e não ficar no senso comum das mensagens de amedrontamento ou das mensagens informativas sobre os tipos das drogas e seus efeitos.

A ciência da prevenção se atualizou, mas a mentalidade geral sobre ela ainda está nos anos 60. Temos que lutar para que esse conhecimento se atualize na mente das pessoas. O narcotráfico nunca usa estratégias antiquadas para ampliar seus negócios e, portanto, não é com estratégias antiquadas que vamos conseguir fazer frente a ele.

 

 

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