As 9 características dos programas eficazes de prevenção ao uso de drogas

No meio acadêmico existem loucos para tudo. Loucos admiráveis e pacientes, sem dúvida. O suficiente para, além de estudar a fundo inúmeros programas de prevenção ao uso de drogas, comparar os resultados de cada um e, ainda, pegar os melhores programas e encontrar as características comuns entre eles.

Teve um grupo deles que foi um pouco mais longe: avaliou as avaliações dos outros e “espremeu” as 9 características que mais aparecem entre os programas eficazes de prevenção ao uso de drogas. Eis aqui o resultado do trabalho deles, mastigadinho:

1) ATACAM EM DIVERSAS VERTENTES

Os programas mais eficazes pegam diferentes modelos de prevenção e extraem o que tem de melhor de cada um deles. Buscam tanto aumentar o nível de conhecimento dos alunos e conscientizá-los sobre as drogas quanto desenvolver as habilidades de resistência, de comunicação e de tomada de decisão dos alunos.

Estes programas também buscam trabalhar não só com os alunos, mas com os pais deles, com a estrutura da escola e com os pares deles, atingindo diferentes contextos.

São abrangentes com relação aos objetivos e aos contextos que atingem.

2) USAM DIFERENTES “ARMAS” PARA A PREVENÇÃO

Os programas eficazes de prevenção saem das tradicionais aulas sobre drogas. Eles incluem aulas interativas, simulações, dinâmicas e atividades práticas que permitem o desenvolvimento das habilidades dos participantes. Além de serem mais agradáveis e divertidos, ainda permitem que os alunos testem seus conhecimentos e crenças sobre suas próprias habilidades.

3) A DOSE ADMINISTRADA É SUFICIENTE

Dose suficiente

Assim como para parar a dor é preciso tomar a dose certa de analgésico, para prevenir o uso de drogas é preciso expor os alunos às atividades de prevenção na dose certa.

A dose adequada dos programas eficazes envolve a duração de cada sessão, o número de sessões, o espaçamento entre as sessões e a duração total do programa. Os programas eficazes também se caracterizam por oferecerem sessões de reforço após seu término oficial.

4) NÃO SÃO O QUE “EU ACHO”, MAS O QUE ESTÁ PROVADO

Os melhores programas de prevenção não surgem da reunião entre professores e diretores que resolvem levar os alunos a clínicas de recuperação ou a trazer ex-dependentes para a escola, com o fim de mostrar-lhes os perigos das drogas.

Eles são justificados cientificamente. Surgem de teorias sobre o comportamento, de pesquisas e do resultado da experiência de muita gente que está buscando encontrar a melhor estratégia para fazer prevenção ao uso de drogas.

Um bom programa de prevenção nunca vai surgir das vivências únicas de uma pessoa, mas de amplas pesquisas e de modelos desenvolvidos ao longo do tempo. Existe uma ciência por trás da prevenção.

5) NEM MUITO CEDO E NEM MUITO TARDE

Tempo

Se as ações de prevenção forem realizadas muito cedo, seus efeitos positivos podem se perder antes mesmo das situações de risco aparecerem. Se forem realizadas muito tarde, o problema já pode estar instalado quando o programa começar.

Os programas eficazes ocorrem a tempo de focar os comportamentos precursores do problema a ser prevenido. No caso das drogas, este momento normalmente é na transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.

6) FAVORECEM RELACIONAMENTOS POSITIVOS

Um dos focos dos programas eficazes é atender a uma necessidade básica de crianças e adolescentes: oferecer a eles oportunidades de criarem laços fortes e positivos.

Para a prevenção ao uso de drogas é necessário que haja conexões fortes entre as crianças e “outros significantes”, sejam eles pais, professores, pares ou outros membros da comunidade. É crucial para as crianças terem uma relação forte com pelo menos um adulto.

Para os professores é sempre importante um lembrete: as crianças não aprendem nada daqueles de quem elas não gostam. (veja o texto sobre o que torna um professor inesquecível.)

7) O QUE OS ALUNOS CONSIDERAM IMPORTANTE É REALMENTE IMPORTANTE

Ou seja, os programas eficazes estão adaptados à realidade social e cultural dos alunos que estão recebendo a intervenção. Quando um programa é desenvolvido na Europa, por exemplo, para ser aplicado no Brasil, em escolas públicas, ele deve ser adaptado até estruturalmente, para que atenda às necessidades do público.

E estes programas também cuidam para atender às necessidades apresentadas pelos próprios alunos. Para isto é importante incluí-los, de alguma forma, no planejamento e na aplicação do programa. Isto pode ser feito alinhando com eles no início do programa o que eles gostariam de aprender ou o que têm de dúvidas sobre o tema.

8) SEMPRE DÁ PARA MELHORAR, MAS PRECISA FEEDBACK

Feedback

Como tudo sempre pode ser melhorado, estes programas se preocupam em identificar os pontos de melhoria possíveis, através do recolhimento de feedbacks em diferentes etapas do programa.

Saber como os alunos, professores e a escola estão percebendo a intervenção pode ser uma boa forma de realizar melhorias no programa.

Todos os programas eficazes possuem avaliação de resultados ao longo da intervenção, seja para se adequar à realidade em que se encontra, seja para aprimorá-lo de uma forma geral.

9) SÃO APLICADOS POR UMA EQUIPE BEM TREINADA

Quase óbvio. Aqueles que vão aplicar o programa devem estar treinados para isso.

Se forem os professores, devem passar por um processo de capacitação e terem acesso à orientação constante, para discutirem as adversidades e aprendizados advindos da prática.

Se for um profissional externo, deve-se certificar que possui a formação adequada para realizar tal função na escola.

* Veja o artigo científico que deu origem a este post.

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