1) A codependência é o fenômeno que permite e impulsiona o desenvolvimento da dependência química;
Desde o início do uso de drogas do adolescente, quando a família finge que nada está acontecendo e não quer tocar no assunto, tentando “abafar o caso”, ela já está manifestando a codependência que permitirá que a dependência química se instale. Conforme o uso de drogas agrava, a codependência também evolui para atender as necessidades crescentes da doença. A negação da família aumenta, seja com os familiares dando dinheiro ao dependente, resolvendo seus problemas, ou outras formas de suprir as necessidades dele, que representam uma tentativa frustrada de não ver a doença agravando. Tudo para alimentar a falsa esperança de que os problemas do sujeito com a droga irão se resolver sozinhos mais cedo ou mais tarde.
2) Sem os codependentes dificilmente o dependente químico consegue seguir usando drogas;
O dependente químico usa drogas e pessoas. Em geral, a condição financeira e emocional que permite que ele siga usando drogas é fornecida pelos codependentes. Quando essa condição é eliminada, surge um enorme obstáculo para o dependente seguir com seu padrão de consumo. São comuns casos em que o dependente opta por iniciar ou por dar continuidade ao tratamento porque sabe que seus pais não o receberão em casa se ele não tiver concluído o tratamento, tal qual prescrito pelo médico. Nesses casos, os pais conseguiram abandonar o papel de codependentes e o dependente perdeu a estrutura que usava para seguir consumindo drogas. (para as famílias que estão buscando isso, sugiro nosso livro sobre codependência, Por Trás da Aparência Singela de Mãe)
3) CULPA, RAIVA, PENA e MEDO são os quatro sentimentos que indicam codependência;
É difícil o codependente perceber que seus comportamentos estão agravando a situação do dependente químico, pois eles normalmente são confundidos com bondade, amor e proteção. Esses comportamentos são facilmente justificáveis dizendo que não querem que o dependente sofra ainda mais, que só estão tentando fazer com que ele se sinta melhor ou esperando que fique sensibilizado para se tratar. Na verdade estão alimentando a doença. Se alguém convive com um dependente químico e sente culpa, raiva, pena ou medo, grande a chance de estar assumindo o papel do codependente de plantão, pois esses sentimentos levam as pessoas a três ações que agravam a doença: a tratar o dependente como uma criança fazendo tudo por ele, a desqualificá-lo ou a simplesmente abandoná-lo. Nenhuma das três opções contribui para a sua recuperação.
4) O codependente percebe o dependente químico como a prioridade da sua vida;
Quando se pergunta ao codependente qual é a prioridade da sua vida, normalmente ele citará o dependente. O movimento patológico da codependência vai levando a pessoa a colocar a si mesma e os seus planos em segundo lugar, enquanto traz gradualmente o dependente para o centro da sua vida. O trabalho com os codependentes é devolver o posto de prioridade da vida para seus sonhos e sua própria felicidade.
5) Começar tratando os codependentes é uma boa maneira de dar início à recuperação do dependente químico;
Atender a família antes mesmo do dependente químico? Exatamente. Como sabido pela maioria dos profissionais da área, a família não capacitada acaba colocando (na melhor das intenções) obstáculos para o tratamento do dependente. Seja adiando o tratamento, seja entrando na manipulação dele e interrompendo o tratamento no meio ou até ignorando que sua recuperação continua depois que ele sai de um internamento. A família acaba facilitando, de forma inconsciente, novamente o uso de drogas. Por exemplo, quando resolvem comemorar a saída dele com um churrasco regado a cerveja, deixam bebidas alcoólicas em casa, tratam-no como um bebê, completamente inapto. Isso sem falar quando a família, sem entender o significado de um internamento, o recebe com alegria quando ele resolve abandonar o tratamento no meio, acreditando na promessa de que não usará mais drogas. Por isso, começar o tratamento pela codependência da família, antes mesmo de tratar o dependente, é uma boa estratégia, que vai ajudar a estruturar todo o tratamento dali para frente.
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