As drogas de baladas ou drogas sintéticas, como normalmente são chamadas, são substâncias produzidas em laboratório, facilmente encontradas em baladas e utilizadas por jovens para “curtirem mais a noite”. Dentre essas substâncias as mais conhecidas são a “bala” (como é chamado o MDMA ou Ecstasy) e o “doce” ou “papel” (como chamam o LSD).
A boa notícia é que essas drogas na verdade são raríssimas, tornando o consumo delas extremamente baixo (calma, você vai entender o que quero dizer). A má notícia é que existe uma abundância de outras substâncias similares para substituí-las, que as pessoas consomem achando que estão tomando MDMA e LSD, quando não estão (entendeu?). E, claro, dessa forma os riscos a que elas se expõem aumentam consideravelmente.
Essas substituições anônimas e arriscadas acontecem por dois motivos principais. Primeiro porque a produção de LSD e MDMA exige laboratórios complexos e de alto custo, que inviabilizam que elas sejam sintetizadas por produtores pequenos. Segundo, porque novas substâncias que ainda não estão na lista da Anvisa facilitam que vendedores não sejam acusados de tráfico. Ou seja, os motivos são reduzir custos e contornar a lei. Resultado: uma infinidade de substâncias químicas baratas e desconhecidas vendidas todas como “bala” e “doce” nas baladas.
Para dar uma ideia da dificuldade de produção, um laboratório completo capaz de produzir LSD verdadeiro tem um custo de aproximadamente 200 mil dólares e exige que o responsável pela produção tenha um conhecimento muito profundo de química orgânica e tenha acesso a matérias-primas bastante controladas. A produção de MDMA parece ser um pouco mais simples do que a de LSD, mas ainda assim apresenta diversos empecilhos que facilmente desencorajariam um produtor pequeno que queira entrar no ramo.
Dado esse panorama, apesar de o Ecstasy ser comumente associado ao MDMA, na prática são encontrados outros inúmeros estimulantes do tipo da anfetamina vendidos como Ecstasy, especialmente a PMA (parametoxianfetamina) e a PMMA (parametoximetanfetamina), que possuem efeitos similares, porém com uma toxicidade maior que a do MDMA e podem demorar mais para surtirem efeito, aumentando consideravelmente os riscos de ingestão exagerada e overdose.
Recentemente foi apresentado em um congresso de álcool e drogas (Freemind 2016) as apreensões da Polícia Federal em 2016 e, segundo o relato, a única substância que não foi identificada entre os comprimidos de Ecstasy apreendidos foi o MDMA, foram encontradas diversas outras substâncias menos o MDMA. E entre 2013 e 2016, a Polícia Federal identificou 59 novas drogas vendidas como LSD ou Ecstasy que não as “originais”. É o cúmulo da pirataria: falsificação de drogas ilegais. Não tá fácil para ninguém.
O LSD (sigla para dietilamida de ácido lisérgico) também quase nunca é encontrado nos papeizinhos nomeados de “doce”. No lugar do LSD, foram identificadas mais de 12 substâncias diferentes embebendo aqueles papeizinhos (blotter), dentre as quais as mais comuns são os substitutos da linha NBOMe que, apesar de apresentarem efeitos semelhantes, aumentam o risco de deflagrar transtornos psiquiátricos e já possuem algumas mortes nas costas causadas por overdose, devido ao manuseio incorreto e desconhecimento dessa substância.
Se considerarmos o consumo de drogas um problema, um problema ainda maior é os jovens não terem a menor ideia do que estão usando quando decidem ingerir uma droga sintética na balada. E, na realidade brasileira, dá para afirmar sem conflito que eles não têm ideia mesmo.
Obviamente os riscos e consequências dessas “drogas genéricas” produzidas em laboratórios de fundo de quintal superam em muito as conhecidas e estudadas (e já complicadas) consequências do consumo de MDMA e LSD.
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