Coitadas das mães, que nasceram culpadas

Às vezes me pergunto se elas nasceram realmente culpadas, apenas se sentindo culpadas ou se em algum momento alguém colocou a culpa nelas. Os psicólogos, quem sabe.

Imagino que por ela ser a principal responsável pela sobrevivência do filho no início da vida, ela passe a própria vida achando que é responsável pela vida dele. Se algo dá errado para o filho, ela se culpa, se o filho está triste, ela se culpa, se o filho possui traumas, ela se culpa (e os psicólogos também a culpam). É culpa que não acaba mais.

No livro “Por Trás da Aparência Singela de Mãe” falamos sobre a nobre e bela função da mãe. Mas também falamos sobre as destrutivas relações de dependência que acontecem quando esta nobre e bela função é exercida na hora e na quantidade erradas.

No entanto, há algo fundamental citado no livro que ninguém dá muita atenção e que é preciso ressaltar constantemente: onde existe a mãe excessiva sempre existe o pai ausente.

O pai, ou melhor, o papel de pai é de crucial importância para o equilíbrio da família. É este papel que vai dar o limite que o filho precisa e o limite que a mãe também precisa para ir abandonando gradativamente sua santa função. Esta figura de autoridade tem estado em declínio ultimamente. E não é à toa, pois os pais estão sendo cada vez mais desautorizados por diversos fatores.

Educando com limites

É difícil exercer autoridade com os filhos quando somos bombardeados por psicólogos e psiquiatras dizendo o que fazer ou não fazer para educar o filho sem “traumatizá-lo”, arruinando a vida dele. É difícil exercer esta função quando existe um estatuto que praticamente diz “se você não for um bom pai, nós tiramos este direito de você”. É difícil colocar os limites necessários quando somos obrigados a passar o dia todo fora de casa para nosso sustento e ver nossos filhos praticamente apenas no fim de semana.

A ausência de autoridade, do papel de pai, aparece nas famílias com dependências químicas na mesma proporção em que o extremo do papel de mãe existe nelas. Ambos são responsáveis pela manutenção do uso de drogas e de outras consequências indesejadas. A soma deles forma famílias nas quais não existe uma figura de autoridade, nas quais não existem limites, exigências ou hierarquia. Famílias em que o filho é o chefe da casa.

Fig. 1 - Quando o filho é o chefe da casa

Será que esta queda da autoridade dos pais, favorecida pela nossa cultura, não tem a ver com o aumento de usuários de drogas? Afinal, a falta de limites é uma das principais características das dependências químicas.

A culpa é da mãe, que se exacerba em seu papel? Ou é do pai, que não coloca os limites que deveria? Ou é de todos nós, que criamos e valorizamos uma cultura que desautoriza os pais e coloca acima deles o Estado, os profissionais “especialistas” e a busca desenfreada pelo ter?

Difícil saber, mas pelo menos dá para ver outras possibilidades além da velha caricatura psicanalítica de que “o problema é com a mamãe”. Pois este problema só existe quando ninguém banca o “papai”.

Um conselho? Pai e mãe, sejam pais como vocês acham que tem que ser e assumam a autoridade que lhes é de direito. Saibam bancar o papai. Sem sentir culpa. Mas sentindo a responsabilidade do privilégio que foi dado a vocês de formar um ser para a vida.

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